domingo, 8 de novembro de 2009

Cultura e Arte Afro-Brasileira

Cultura afro-brasileira é o resultado do desenvolvimento da cultura africana no Brasil, incluindo as influências recebidas das culturas portuguesa e indígena que se manifestam em diversas expressões como, por exemplo, a música, a religião e a culinária. Os estados do Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais influenciados tanto pela quantidade de escravos recebidos como pela migração interna dos escravos, em virtude do fim do ciclo da cana-de-açúcar na região Nordeste.

Bloco afro Ilê Aiyê na Bahia

Todas as manifestações culturais afro-brasileiras eram proibidas, desprezadas, desestimuladas e perseguidas porque não eram parte do universo cultural europeu, não representavam civilidade, mas sim, uma cultura selvagem e atrasada em contra-ponto à Europa em desenvolvimento. Entretanto, a partir de meados do século XX, as expressões culturais afro-brasileiras começaram a ser gradualmente aceitas, admiradas e celebradas pelas elites brasileiras como expressões artísticas genuinamente nacionais. Nem todas as manifestações culturais foram aceitas ao mesmo tempo. O samba foi uma das primeiras expressões da cultura afro-brasileira a ser admirada quando ocupou posição de destaque na música popular. Posteriormente, o governo da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas desenvolveu políticas de incentivo do nacionalismo nas quais a cultura afro-brasileira encontrou caminhos de aceitação oficial. Por exemplo, os desfiles de escolas de samba ganharam nesta época aprovação governamental através da União Geral das Escolas de Samba do Brasil fundada em 1934. Outras expressões culturais seguiram o mesmo caminho. A capoeira, que era considerada forma de briga de bandidos e marginais, foi apresentada, em 1953, por mestre Bimba ao presidente Getúlio Vargas que então a chamou de "único esporte verdadeiramente nacional". Durante a década de 1950, as perseguições às religiões afro-brasileiras diminuíram e a Umbanda passou a ser seguida pela classe média carioca. Na década seguinte, as religiões afro-brasileiras passaram a ser celebradas pela elite intelectual branca. Em 2003, foi promulgada a lei nº 10.639 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), passando-se a exigir que as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio incluam no currículo o ensino da 'O português que falamos no Brasil tem muitas palavras de origem africana, você sabia? Isso acontece porque - principalmente durante o período colonial - os negros foram trazidos da África como escravos, para trabalhar na lavoura. Os africanos trouxeram consigo sua religião - o candomblé - e sua cultura, que inclui as comidas, a música, o modo de ver a vida e muitos dos seus mitos e lendas. Trouxeram ainda - é claro - as línguas e dialetos que falavam. Os povos bantos, que habitavam o litoral da África, falavam diversas línguas (como o quicongo, o quimbundo e o umbundo). Muitos vocábulos que nós usamos freqüentemente vieram desses idiomas. Quer exemplos? "Bagunça", "curinga", "moleque", "dengo", "gangorra", "cachimbo", "fubá", "macaco", "quitanda"... Outras palavras do português falado no Brasil também têm raízes africanas. Portanto, afro-brasileiro é algo ou alguém com características ou origens africanas e brasileiras e afro-descendente é algo ou alguém que descende de africanos.

Religião

Os negros trazidos da África na condição de escravos, geralmente eram imediatamente batizados e obrigados a seguir o Catolicismo. A conversão era apenas superficial e as religiões de origem africana conseguiram permanecer, através de prática secreta. Algumas Religiões Afro-Brasileiras ainda mantém quase que totalmente as suas raízes africanas, como é o caso do Candomblé e Xangô do Nordeste, outras formaram-se através do sincretismo religioso como o Batuque, Xambá e Umbanda. Em maior ou menor grau, as Religiões Afro-Brasileiras mostram influências do Catolicismo e da encataria européia, assim como da pajelança ameríndia. O sincretismo manifesta-se igualmente pela tradição de batizar os filhos e casar-se na Igreja Católica mesmo quando segue-se abertamente uma religião afro-brasileira. A Irmandade da Boa Morte e a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos são a maior ligação entre o catolicismo e as religiões afro-brasileiras. No Brasil, a própria prática do Catolicismo tradicional tem influências africanas que se revelam no culto de santos de origem africana como São Benedito, Santo Elesbão, Santa Efigênia e Santo Antônio de Noto (Santo Antônio do Categeró ou Santo Antônio Etíope); no culto preferencial de santos facilmente associados com os orixás africanos como São Cosme e Damião (ibejis), São Jorge (Ogum no Rio de Janeiro), Santa Bárbara (Iansã); na criação de novos santos populares como a Escrava Anastácia; e em ladainhas, rezas e festas religiosas (como a Lavagem do Bonfim onde as escadarias da igreja do Senhor do Bonfim em Salvador, Bahia são lavadas com água de cheiro pelas filhas-de-santo do candomblé). As igrejas pentencostais do Brasil, que combatem as religiões de origem africana, na realidade têm várias influências destas como se nota em práticas como o batismo do Espírito Santo e crenças como a de incorporação de entidades espirituais (vistas como maléficas). Enquanto o Catolicismo nega a existência de orixás e guias, as igrejas pentencostais acreditam na sua existência, mas como formas de demônios. Segundo o IBGE, 0,3% dos brasileiros declaram seguir religiões de origem africana, embora um número maior de pessoas sigam essas religiões de forma reservada.

Inicialmente desprezadas, as religiões afro-brasileira foram ou são praticadas abertamente por vários intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado, Dorival Caymmi, Vinícius de Moraes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia (que freqüentavam o terreiro de Mãe Menininha), Gal Costa (que foi iniciada para o Orixá Obaluaye), Mestre Didi (filho da iyalorixá Mãe Senhora), Antonio Risério, Caribé, Fernando Coelho, Gilberto Freyre e José Beniste (que foi iniciado no candomblé ketu).

Capoeira

Capoeira é uma arte marcial criada por escravos negros no Brasil durante o período colonial. Conta-se que os escravos diziam aos senhores que era apenas uma dança e, então, o treino era permitido. Assim, a capoeira é sempre praticada com instrumentos de percussão, música cantada, dança e, em algumas versões, acrobacias. A capoeira é marcada por movimentos que enganam o oponente, geralmente feitos no solo ou completamente invertidos. Recentemente, a capoeira tem sido bastante popularizada, sendo até o tema de vários jogos de computador e filmes. Freqüentemente é mencionada na música popular brasileira.

Música e dança

A música criada pelos afro-brasileiros é uma mistura de influências de toda a África subsaariana com elementos da música portuguesa e, em menor grau, ameríndia, que produziu uma grande variedade de estilos. A música popular brasileira é fortemente influenciada pelos ritmos africanos. As expressões de música afro-brasileira mais conhecidas são o samba, maracatu, ijexá, coco, jongo, carimbó, lambada e o maxixe. Como aconteceu em toda parte do continente americano onde houve escravos africanos, a música feita pelos afro-descendentes foi inicialmente desprezada e mantida na marginalidade, até que ganhou notoriedade no início do século XX e se tornou a mais popular nos dias atuais. Instrumentos afro-brasileiros: Afoxé; Agogô; Atabaque; Berimbau; Tambor; Xequerê

Culinária

A cozinha brasileira deriva em grande parte da cozinha africana, mesclada com elementos da cozinha indígena e portuguesa. Na Bahia existem duas maneiras de se preparar os pratos "afros". Uma mais simples, sem muito tempero, que é feita nos terreiros de candomblé para serem oferecidos aos Orixás, e a outra, fora dos terreiros, onde as comidas são preparadas e vendidas pela baiana do acarajé, nos restaurantes, e nas residências, que são mais carregadas no tempero e mais saborosas. A culinária baiana é a que mais demonstra a influência africana nos seus pratos típicos como acarajé, vatapá e moqueca. A feijoada é considerado o prato nacional do Brasil. É basicamente a mistura de feijões pretos e carne de porco. Começou, certamente, quando escravos negros tentaram reproduzir pratos típicos da culinária portuguesa da região do Porto que misturavam feijão branco com carne de porco. Os escravos negros modificaram a receita, pois só tinham acesso a feijões pretos, às partes rejeitadas do porco que eram salgadas (pés, rabos, orelhas) e à carne-seca. A feijoada é acompanhada pela farofa, prato a base de farinha de mandioca, com origem indígena e couve refogada. Um dos Pratos mais famosos da Bahia é o Vatapá e o Acarajé.

Literatura

A literatura chamada afro-brasileira é uma parte da literatura brasileira que abrange também publicações de pesquisa de campo dos trabalhos de sociologia, antropologia, etnologia, música, linguística, botânica e outros. Muitos escritores brasileiros como o advogado Edison Carneiro, o médico legista Nina Rodrigues, Jorge Amado, o poeta e escritor mineiro Antonio Olinto, o escritor e jornalista João Ubaldo, o antropólogo e museólogo Raul Lody entre outros e os estrangeiros como o sociólogo francês Roger Bastide, o fotografo Pierre Verger, a pesquisadora etnóloga estadunidense Ruth Landes, o pintor argentino Carybé, dedicaram-se arduamente na busca e no levantamento de dados para contar esse lado da história do Brasil que ainda não tinha sido escrita em detalhes[3]. Alguns infiltraram-se nas religiões afro-brasileiras como é o caso de João do Rio para esse propósito, outros foram convidados a fazer parte do Candomblé como membros efetivos recebendo cargos honorificos como Obá de Xangô no Ilê Axé Opô Afonjá e Ogan na Casa Branca do Engenho Velho, Terreiro do Gantois, e ajudavam financeiramente a manter esses Terreiros. Muitos sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever contando a história das religiões afro-brasileiras e tiveram a ajuda de acadêmicos simpatizantes ou membros dos candomblés. Outros por já ter uma formação acadêmica tornaram-se escritores paralelamente à função de sacerdote como é caso dos antropólogos Júlio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima, as Iyalorixás Mãe Stella e Giselle Cossard também conhecida como Omindarewa a francesa, professor Agenor Miranda, a advogada Cléo Martins, o professor de sociologia Reginaldo Prandi, entre outros.

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