Nascido em Salvador, Rubem Valentim formou-se em odontologia antes de se dedicar definitivamente à pintura, por volta de 48. Cursou jornalismo ao mesmo tempo em que se envolvia com a pintura, e em 54 realiza sua primeira individual. Envolve-se com o movimento de renovação artística da Bahia, expondo em 55 na mostra Novos Artistas Baianos com Mário Cravo Jr., Jenner Augusto e Lygia Sampaio. Neste mesmo ano participa da III Bienal de São Paulo, onde começa a ser reconhecido nacionalmente.
Em 57 transfere-se para o Rio de Janeiro onde participa de diversas exposições até que, em 1962, recebe o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro no XI Salão Nacional de Arte Moderna. Viaja por vários países até fixar-se em Roma, onde permanece por mais de três anos. Participa de diversas exposições coletivas, realiza uma individual na Casa do Brasil e, antes de voltar ao país, em 66, participa do I Festival Mundial de Arte Negra, em Dacar, Senegal.
Suas primeiras experiências foram abstratas, e longo em seguida aparece a simbologia mística que irá marcar a sua obra: em um primeiro momento os signos litúrgicos afro-brasileiros aparecem agrupados sobre a tela, com uma organização quase acidental, mas aos poucos vai acontecendo uma espécie de ‘limpeza’ e eles se organizam simétricamente sobre o quadro. As cores sofrem uma grande mudança, já que os tons dão lugar às cores puras em grandes chapadas sobre a tela.
Como se pode notar, a arte de Rubem Valentim sofre rapidamente uma definição temática, que irá se prolongar e se renovar coerentemente por toda a sua carreira. Por volta do fim da década de 60, quando transfere-se para Brasília, ele passa da bidimensionalidade para a experiência com o tridimensional, que é um processo claro em sua obra, já que suas pinturas têm uma forte distinção entre figura e fundo, aquela quase que ‘pulando’ do quadro. Estes objetos irão constituir os ‘altares’, como o Templo de Oxalá, obra apresentada na XIV Bienal de São Paulo (77), que apresentava um painel de 14 metros de largura por 4 de altura com seus símbolos afro-brasileiros em branco sobre um fundo azul, e vinte esculturas emblemáticas, também em branco, de diversas alturas, sobre um tapete verde, organizando um ambiente mítico ou um altar.
Considerado um dos mestres do construtivismo no Brasil, Rubem Valentim é comparado a Alfredo Volpi e Tarsila do Amaral, no sentido em que os três, cada um a seu modo e a seu tempo, criaram uma linguagem individual que os tornou facilmente reconhecíveis até para um público leigo através da realização de uma antropofagia de fato, reunindo influências externas para criar uma arte autenticamente brasileira, partindo de imagens subjetivas mas construindo sua obra objetivamente. No caso de Rubem Valentim, isto está claro nos seus emblemas que, a partir de signos do candomblé, se transformam em uma simbologia construtiva consoante com a linguagem internacional.
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